O Que as Guerras Revelam Sobre a Alma do Mundo: Uma Leitura Judaica da Atualidade
Conflitos mundiais, Israel e espiritualidade: o que a Kabbalah, o Talmud e o Rebe de Lubavitch nos ensinam sobre as guerras do nosso tempo.
Lior Sérgio
7/25/20254 min read
O Que as Guerras Atuais Revelam: Uma Leitura Judaica da História Contemporânea
Por que o mundo está em convulsão? Guerras e conflitos armados irrompem quase simultaneamente em diferentes partes do globo Ucrânia, Rússia, Israel, Gaza, Síria, Tailândia. A sensação de caos parece tomar conta da realidade. Mas será tudo aleatório? Ou há algo mais profundo, espiritual e ancestral por trás destes eventos?
Este artigo propõe uma análise à luz do judaísmo tradicional, da Kabbalah, do Talmud e dos ensinamentos do Rebe de Lubavitch, oferecendo uma leitura profunda do estado espiritual do mundo atual e o que podemos aprender com isso.
A Ilusão do Caos: A Unidade por Trás da Diversidade
O mundo parece fragmentado cada guerra com sua própria história, cada povo com sua própria dor. Mas a Kabbalah ensina que, por trás da multiplicidade, existe uma única raiz espiritual. O Zohar, livro místico fundamental da tradição judaica, afirma que tudo o que ocorre no mundo físico é um reflexo de algo mais elevado, invisível e espiritual.
Quando vemos guerras em diferentes lugares do mundo, podemos cair no erro de pensar que são realidades isoladas. Mas, segundo os escritos místicos, o mundo é como um grande corpo: quando uma parte sofre, o todo sente. Isso inclui também as nações. O sofrimento na Ucrânia reverbera na Síria. O conflito em Gaza tem ecos em Paris. A crise espiritual é global.
Além disso, o conceito de "tikun olam" a retificação do mundo ensina-nos que cada ser humano tem um papel em trazer harmonia a esse sistema desordenado. A guerra externa é frequentemente reflexo da guerra interior.
A Hipocrisia Global: O Julgamento Injusto de Israel
Nenhum país do mundo é tão dissecado, criticado e julgado como Israel. Nenhuma nação é cobrada como os judeus são cobrados. O Talmud já previa que o povo de Israel seria "como um cordeiro entre setenta lobos". E mesmo assim, Israel é acusado de ser o lobo.
O problema não está apenas no julgamento, mas na inversão moral. Quando o Hamas lança foguetes sobre civis israelitas, é minimizado. Quando Israel responde, é condenado. Esta hipocrisia reflete algo mais profundo: o desconforto histórico com a sobrevivência do povo judeu.
Desde o Egito de Faraó até os regimes modernos, o povo judeu sempre incomodou não pelo que fez, mas pelo que representa: a aliança com Deus, a exigência moral, a ideia de um bem absoluto.
E isso é insuportável para um mundo relativista, onde tudo é permitido, menos afirmar que existe certo e errado. O judeu não é odiado por ser forte ou fraco, mas por não desaparecer, por continuar a existir e isso é um milagre em si mesmo.
O Rebe de Lubavitch e a Visão Profética da Nossa Geração
O Rebe de Lubavitch não falava apenas de espiritualidade falava da realidade. Ele via o mundo com olhos de carne, mas também com olhos de alma. Ele alertava que a geração atual vive um paradoxo:
"Nunca estivemos tão próximos da redenção, e nunca fomos tão distraídos dela."
Segundo os seus ensinamentos, estamos numa fase de transição entre a escuridão do exílio espiritual e a luz da Era Messiânica. Essa transição é marcada por dores, incertezas, explosões de violência e perda de referências. É como um parto espiritual.
E como todo parto, envolve dor. Mas também esperança.
Ele repetia que a missão de cada judeu e por extensão de cada ser humano comprometido com a verdade é acender luz onde há trevas. Isso pode ser feito com um simples ato de bondade, com a divulgação da verdade, com o estudo da Torá, com o fortalecimento da identidade judaica e da ligação com Deus.
O Padrão Espiritual das Guerras Modernas
Analisando os conflitos recentes da Ucrânia à Síria, de Gaza à Tailândia podemos perceber alguns padrões profundos:
Mentiras disfarçadas de verdade: A guerra da informação é tão brutal quanto a guerra física. Meios de comunicação que distorcem os fatos não apenas desinformam eles alimentam o mal.
Inversão de papéis: Agressores se fazem de vítimas. Vítimas são retratadas como opressores. Isso tem raízes no conceito cabalístico de "klipot" cascas espirituais que distorcem a luz e escondem a verdade.
Desvalorização da vida: Em todas essas guerras, vemos uma banalização da vida humana. O terrorismo não tem limites. O sofrimento é usado como arma. Isso mostra um mundo que perdeu a noção da santidade da vida algo central no judaísmo.
Desconexão da espiritualidade: Quanto mais o mundo se afasta de Deus, mais violento se torna. O Talmud diz que "a espada vem ao mundo por causa da injustiça e do esquecimento da Torá" (Pirkei Avot 5:8).
Falta de liderança com valores absolutos: Os grandes líderes globais não têm coragem de dizer o que é certo e errado. Têm medo de ofender. Mas a verdade, quando dita com compaixão e firmeza, é a única esperança de cura.
A Missão Judaica num Mundo em Colapso
O judaísmo nunca viu o sofrimento como fim. Pelo contrário: toda dor carrega potencial de transformação. O povo judeu é o termómetro espiritual da humanidade. Onde há ódio contra os judeus, há doença espiritual no mundo.
Mas o judeu também é o remédio. Como está escrito: "A Torá é uma árvore da vida para os que a abraçam." (Provérbios 3:18)
O Rebe de Lubavitch enfatizava que cada mitsvá, cada ato de verdade, acelera a redenção. Por isso, defender Israel, estudar Torá, cumprir Shabat, praticar caridade não são atos políticos ou religiosos apenas. São atos revolucionários, que desafiam a escuridão e constroem um mundo melhor.
Qual a Conclusão?
Vivemos uma época complexa, perigosa, mas profundamente significativa. O mundo não está perdido. O mundo está a ser reajustado.
As guerras que hoje nos assustam são sintomas de um sistema global desconectado da sua alma. Mas essa alma não morreu. Ela apenas espera ser reanimada.
A luz de Israel expressa na Torá, na ética, na coragem espiritual ainda brilha. E é essa luz que pode guiar as nações para um futuro diferente.
A redenção messiânica, prevista por profetas e sábios, não é um conto de fadas. É uma realidade em gestação. E nós somos parteira e paciente ao mesmo tempo.
Por isso, a melhor resposta às guerras, ao caos e à escuridão não é o desespero. É a ação com propósito, fé, coragem e clareza moral.